EnglishFrenchGermanSpainItalian DutchRussianPortugueseJapaneseKoreanArabicChinese Simplifiedcv

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

judeus no Brasil

História dos judeus no Brasil - 
Capitulo V

COLONIZAÇÃO SISTEMÁTICA (1530 - 1570)
Expedição de Martim Afonso de Sousa
Verificando que as esparsas expedições de guarda-costa e os reduzidos ensaios de colonização, empreendidos no período de 1515 a 1530, eram insuficientes para afastar do Brasil os traficantes estrangeiros, já agora acrescidos de espanhóis, que, além de negociarem, mostravam intenções de aqui se estabelecerem, o rei de Portugal, D. João III, passou a uma ação decidida, visando a uma colonização sistemática em larga escala e, pois, a uma ocupação efetiva do território brasileiro.

Assim, em 1530, mandou ele aprestar uma armada com 400 homens, sob o comando do seu amigo Martim Afonso de Sousa, a quem nomeou "Capitão-mór e Governador das Terras do Brasil", dando-lhe autorizações especiais de muita amplitude, que abrangiam "o direito de tomar posse de todo o país, fazer as necessárias divisões, ocupar todos os cargos, exercer todos os poderes judiciários, civis e criminais".

A expedição de Martim Afonso de Sousa, dando cumprimento à sua missão, cobriu, em 2 anos, todo o litoral brasileiro, estendendo-se desde o Amazonas até o rio da Prata.
Bahia e São Vicente
Merece notar, todavia, que Martim Afonso de Sousa concentrou as suas atenções em dois pontos do litoral, pontos esses que perdurariam ao longo de toda a história do Brasil como focos de progresso: o Nordeste (Bahia-Recife) e o Sudeste (Rio-S. Paulo).

Tal bicentrismo econômico e social, já pouco comum, raramente se estabelece tão cedo na formação de países como ocorreu no caso do Brasil, onde já em 1530 se delinearam os dois focos, que viriam exercer, com alternância de relevo, uma influência decisiva sobre a história econômica do país, até os nossos dias: o Nordeste predominando nos séculos XVI e XVII - ciclos do pau-brasil e do açúcar; o Sudeste se sobressaindo no século XVIII, à época da mineração do ouro; um curto ressurgimento setentrional; e, finalmente, um predomínio meridional definitivo no século XIX, ao influxo da grande agricultura, especialmente da cultura do café; tudo isso, sem prejuízo das perspectivas de franco progresso que tornam a desenhar-se para o Nordeste, embora sem afetar o centro-sul.

Constituindo esse bicentrismo um fato em si notável, acresce, como aspecto paradoxal, a circunstância de que ambos os focos de progresso do país se localizaram longe, e um de cada lado, da região onde se deu o descobrimento.
Evidentemente, não pode satisfazer o argumento da maior proximidade da costa nordestina com relação à Europa, quando comparada com a região de Porto Seguro, pois inclusive não explicaria a preferência dada à região de São Vicente. Antes, deve-se admitir que havia no litoral sul da Bahia condições naturais adversas ao desbravamento e à colonização, não sendo de se excluir o fato de ser o clima daquele trecho da costa por demais chuvoso, quase não apresentando uma verdadeira estação seca no decorrer do ano.

No que respeita à questão dos judeus do Brasil, a existência dos aludidos dois centros econômicos importantes merece dois reparos: um de caráter essencial, relativo às migrações internas dos judeus, os quais, sempre que acossados pelas perseguições no Nordeste, escolhiam em boa parte como refúgio a província de São Vicente; o outro, de caráter ilustrativo, consiste na circunstância de, em cada um dos aludidos pontos - Bahia e São Vicente (S. Paulo) - ter Martim Afonso de Souza encontrado um judeu influente - respectivamente, Caramuru e João Ramalho - que lhe prestasse decisivo auxílio na sua tarefa colonizadora.
Capitanias Hereditárias
Tendo verificado, pelas sucessivas expedições dos anos anteriores, a grande extensão litorânea do Brasil e julgando os meios até então empregados insuficientes para assegurar a soberania portuguesa na colônia bem como para promover o seu povoamento, resolveu D. João III, em 1532, criar capitanias situadas ao longo da costa, medida que pôs em prática entre os anos de 1534 e 1536, mediante a divisão do litoral entre Maranhão e Santa Catarina em 14 lotes, de 10 a 100 léguas de costa, doando essas 14 capitanias hereditárias a 12 "donatários", escolhidos entre os nobres e mais valorosos vassalos, os quais deviam explorar e colonizar à sua custa as regiões que lhes haviam sido confiadas, tudo fazendo pelo seu rápido e seguro progresso.

Apresentou-se aí um novo motivo de estímulo para a vinda de judeus ao Brasil. Os donatários, desejosos de imprimir prosperidade às suas capitanias, porfiavam em atrair colonos patrícios e, ainda desta feita, os portugueses cristãos preferiam a Índia, cujos efeitos atrativos perduravam. Não restava aos donatários senão recorrer mais uma vez às famílias israelitas, às quais concediam direitos e vantagens iguais aos dos demais colonos.

Acrescia que os judeus se revelaram excelentes colonizadores: hábeis no trato com o gentio, a cujos hábitos e línguas logo se adaptavam, passando a contar depressa com a sua amizade.

Assim, as possibilidades de progresso das capitanias dependiam em bom grau dos judeus, e, graças a esta circunstância, puderam eles gozar de ampla liberdade de costumes.

Das capitanias, apenas duas se desenvolveram com resultados apreciáveis: Pernambuco e São Vicente, justamente nos já aludidos dois focos de progresso - Nordeste e Sudeste.

Prosperidade excepcional conheceu a capitania de Pernambuco, superiormente dirigida por Duarte Coelho Pereira. Tendo verificado, pelas tentativas desenvolvidas nos anos precedentes, que a região era favorável à agricultura - fumo, algodão e cana de açúcar - especialmente para esta última, resolveu Duarte Coelho implantar o cultivo intenso e sistemático de cana e incrementar a indústria açucareira.

Nesse sentido, determinou ele o estabelecimento de grandes plantações de cana de açúcar e a construção de bom número de engenhos, mandando trazer, das ilhas da Madeira e de São Tomé, mecânicos, capatazes e operários especializados - que em sua maioria eram judeus - para dirigirem engenhos e impulsionarem a produção do açúcar.
Merece lembrar o nome do judeu Diogo Fernandes, que foi o maior técnico trazido por Duarte Coelho ao Brasil.
Governos Gerais
Por vários motivos - tamanho excessivo dos territórios, falta de recursos para repelir os ataques dos selvagens (*) ou as invasões estrangeiras, falta de união entre os donatários - falhou totalmente o sistema de colonização das capitanias, mesmo com as exceções que representavam as de São Vicente e Pernambuco.
(*) Não seriam os antigos brasileiros, chamados pelo autor de "selvagens", que estariam tentando repelir a invasão dos estrangeiros portugueses?
Resolveu, então, D. João III, em 1548, criar um governo geral, com sede na Bahia, capaz de, em torno dele, reunir os esforços dos donatários, dando-lhes "favor e ajuda" e deles recebendo auxílios, inclusive "gente e mantimentos".
Com a implantação do novo sistema de governo em 1549, não sofreu alteração a situação dos judeus no Brasil, muito embora na mesma ocasião se fixassem no país os jesuítas.

As condições eram tais, que estes se viram forçados a uma política de transigência e prudência, merecendo destacar a atividade do padre José de Anchieta e do primeiro bispo do Brasil - Pero Fernandes Sardinha - que se opuseram energicamente à instalação de tribunais inquisitoriais no país e a quaisquer outras formas de discriminação e perseguição.
Na contingência de ou perderem as esperanças de colonização do Brasil ou levarem a bom termo a missão de que se achavam incumbidas, as autoridades optaram pela última alternativa e, para tanto, tiveram que fazer tábua rasa das exigências do 5º Livro das Ordenações da Inquisição e negligenciar as reclamações dos Inquisidores.
Em 1554, escrevia o padre José de Anchieta "ser grandemente necessário que se afrouxasse o direito positivo nestas paragens". Semelhantemente, o bispo Pero Lopes Sardinha opinava que "nos princípios muitas mais coisas se hão de dissimular que castigar, maiormente em terra tão nova como esta".

Esse panorama de tolerância contrastava vivamente com a onda de ódio e discriminação que varria Portugal, onde crepitavam ininterruptamente as fogueiras dos autos de fé. É assim compreensível o efeito que sobre os judeus de Portugal deviam exercer as notícias ali chegadas sobre a vida judaica no Brasil. Tangidos pela fúria avassaladora de perseguição religiosa, sentiam-se os judeus de Portugal impelidos a tentar vida nova no Brasil, que se lhes afigurava como refúgio seguro, onde poderiam concretizar-se os seus anseios de liberdade, as suas esperanças de paz e de tranqüilidade.
Em tais condições, tudo favorecia o estabelecimento de uma intensa e ininterrupta corrente imigratória de judeus portugueses para o Brasil, onde, prosperando rapidamente, passaram a formar numerosos núcleos, dando mesmo início a uma vida coletiva que com o tempo viria assumir nitidamente características judaicas como testemunham as esparsas referências encontradas sobre uma sinagoga que funcionava em uma casa de propriedade do cristão-novo Heitor Antunes, na cidade do Salvador - sede do Governo Geral - e sobre uma outra que fazia parte de um centro marrano em Camaragibe, capitania de Pernambuco, capitania esta que inclusive chegou a contar com um "rabi" - Jorge Dias do Caia, cristão-novo, calceteiro.
As figuras histórico-lendárias de Caramuru e João Ramalho
Martim Afonso de Souza, ao deter-se, como já foi mostrado, com especial interesse nas regiões da Bahia e de São Vicente, teve a sorte de encontrar nesses dois pontos duas extraordinárias figuras, respectivamente Caramuru e João Ramalho, que lhe prestaram decisiva ajuda na sua função desabrochadora da colonização do Brasil.

Esses dois vultos, de vida semi-lendária, justamente considerados os primeiros colonizadores efetivos do país, apresentam viva semelhança quanto ao desenrolar das suas longas existências. Ambos aportaram à costa brasileira como náufragos, e na mesma época, por volta de 1510; ambos tiveram que se acomodar com os indígenas, aos quais acabaram impondo a sua autoridade: ambos integraram-se na vida dos silvícolas, inclusive casando com índias; um e outro realizaram uma prodigiosa obra de pacificação e aproximação entre os indígenas e os representantes do Governo de Portugal; finalmente, a ambos, é atribuída ascendência judaica.

CARAMURU
Acerca do aparecimento de Caramuru - cujo verdadeiro nome era Diogo Álvares Correia - existe a seguinte lenda: Em 1509 ou 1510, um navio português naufragou junto da atual Bahia de Todos os Santos. Quase todos os homens morreram afogados ou foram devorados pelos índios Tupinambás. Entre os poucos deixados para serem sacrificados posteriormente, em espetáculo festivo, estava Diogo Álvares Correia. Quando se aproximava a hora de ser ele sacrificado, uma idéia relampejante salvou-lhe a vida: Disparou Diogo o mosquete que retivera do naufrágio e matou um pássaro em pleno vôo. Os selvagens que presenciavam a cena foram tomados de grande terror, pondo-se a gritar: "Caramuru! Caramuru!", o que, na sua língua, significava "homem do fogo" ou "filho do trovão". (Há quem considere, talvez com mais acerto, que o apelido Caramuru se deriva do fato de ser esse o nome com que os indígenas designavam um peixe comum no Recôncavo da Bahia, a moréia, freqüentadora das águas baixas das locas, numa das quais teria sido encontrado Diogo Álvares depois do naufrágio). Passou logo Diogo Álvares Correia a ser altamente considerado pelos índios que, daí em diante, o respeitavam como a um chefe.

Mais tarde, casou-se Caramuru com Paraguassu, filha do chefe Taparicá, com o que se tornaram mais íntimas e sólidas as suas relações com os indígenas.
Quando da chegada de Martim Afonso de Souza, Caramuru serviu de intérprete e elemento de ligação entre esse primeiro Governador do Brasil e os chefes índios, acertando medidas para a introdução de trabalhos agrícolas na região com o aproveitamento de sementes trazidas por Martim Afonso.
Papel ainda mais saliente desempenhou Caramuru a partir de 1538, no período do primeiro Capitão-mór, D. Francisco Pereira Coutinho, cujo governo decorreu tumultuoso, em virtude de sucessivos desentendimentos entre os portugueses e os indígenas.

Tão grande se tornou a fama de Caramuru e tão alto o seu prestígio junto ao Governo de Portugal, que, ao ser nomeado, em 1548, o primeiro Governador Geral do Brasil - Tomé de Souza - o rei dirigiu-se em carta a Caramuru, pedindo sua imprescindível cooperação, nestes termos:
"Diogo Álvares. Eu, El-Rei, vos envio muito saudar. Eu ora mando Tomé de Souza, fidalgo da minha Casa, a essa Bahia de Todos os Santos... E porque sou informado pela muita prática que tendes dessas terras e da gente e costumes delas o sabereis bem ajudar e conciliar, vos mando que, tanto o dito Tomé de Souza lá chegar, vos vades para êle e o ajudeis no que lhe deveis cumprir e vos encarregar, porque fazeis nisso muito serviço... Sendo necessária vossa companhia e ajuda, encomendo-vos que ajudeis no que virdes que cumpre, como creio que o fareis. Bartolomeu Fernandes a fêz em Lisbôa a 19 de novembro de 1548. Rei".

Caramuru atendeu ao pedido do rei e tão proveitoso foi o auxílio prestado a Tomé de Souza que, em meio a uma plena cooperação dos índios, pôde rapidamente ser fundada, em 1549, a cidade do Salvador, Capital do País, no lugar onde anteriormente Caramuru estabelecera a aldeia "Vila Velha".

Quanto à origem judaica de Caramuru, na falta de quaisquer provas, muitos historiadores a admitem levados por simples presunções, inclusive pelo fato de que, segundo muitas indicações, era tradicionalmente israelita o nome de família Álvares Correia.
JOÃO RAMALHO
Embora o historiador Rocha Pombo admita que João Ramalho tenha vindo antes da descoberta do Brasil, possivelmente em 1497, época da expulsão dos judeus de Portugal, a suposição mais aceita é a de ter ele aportado em 1512, salvo de um naufrágio na costa de São Paulo.

Tal como Caramuru no Norte, conseguiu João Ramalho captar depressa a amizade dos indígenas, merecendo especialmente a simpatia de Tibiriçá, o todo-poderoso chefe dos índios Guaianases, que, posteriormente, lhe deu em casamento sua filha Bartira.

Quando, em 1532, Martim Afonso de Souza alcançou São Vicente, lá encontrou João Ramalho que, havia vinte anos, vivia com os indígenas. Induzido pelas informações de Ramalho acerca das características do clima e do solo da região e estimulado pela situação estratégica da baía, Martim Afonso, com a ajuda substancial de João Ramalho, fundou então a primeira colônia agrícola, formada de duas povoações: São Vicente - na planície da ilha do mesmo nome, e Piratininga - na região serrana do continente, ao lado da aldeia de Santo André da Borda do Campo, onde vivia Ramalho com sua família e seus aliados.

Em consideração aos relevantes serviços prestados por João Ramalho à capitania de São Vicente, Martim Afonso conferiu-lhe o título de "guarda-mór", deu-lhe poderes sobre toda a terra de Piratininga e, finalmente, antes do seu regresso para Lisboa, elevou-o ao cargo de "Capitão-mór".

No que toca à origem judaica de João Ramalho, abundam as conjeturas.

Há, de um lado, os que se associam à ilação feita da circunstância de que nunca participara João Ramalho dos exercícios religiosos dos jesuítas e de que, ao cair seriamente doente, recusou as consolações religiosas, fatos estes que são interpretados como indicando pertinência judaica.

Entretanto, a maior parte dos adeptos da estirpe israelita de Ramalho liga a sua argumentação ao sinal, em forma de uma ferradura, que João Ramalho incluía na sua assinatura, entre o prenome e o nome de família. Sobre o assunto, existe uma verdadeira literatura, sendo as mais desencontradas as interpretações dadas com respeito ao mencionado símbolo. Enquanto alguns o consideram um mero ornamento ou simples talismã, e outros o julgam um hieróglifo que testemunharia a origem egípcia de Ramalho, a maioria o qualifica como letra hebraica; mesmo estes últimos, porém, divergem entre si, achando uns que a letra é um "caf", representando a letra inicial da palavra "cohen" (sacerdote) ou da palavra "cabir" (forte) ou ainda da palavra "cafui" (cristão-novo), ao passo que outros consideram a letra como sendo um "bes", que seria a abreviação da palavra "ben" (filho), significando a assinatura - "João, filho de Ramalho" - e, finalmente, alguns admitem que se trate de um "reich", letra inicial do nome Ramalho.
Como visto, a questão constituiu-se em objeto de amplas discussões e análises de caráter exegético, cujo desenvolvimento evidentemente não apresenta nenhum interesse especial a não ser o incentivo ou a satisfação da curiosidade sobre a ascendência étnica ou religiosa de João Ramalho, esse inconfundível personagem que tanto contribuiu para a colonização de São Vicente.
O papel dos judeus no período de 1530 a 1570
O período de 1530 a 1570 é talvez o único em toda a história dos primeiros quatro séculos do Brasil, do qual se pode dizer que, no seu decorrer, a evolução da vida judaica se entrosou plenamente com a do país, numa cooperação ativa, uma coexistência pacífica e uma integração harmoniosa.

Para a formação do Brasil, esse período foi decisivo. No seu transcurso, fez-se sentir o poderio da metrópole, primeiro através das capitanias hereditárias e depois por intermédio do Governo Geral, que unificou politicamente o território, exercendo o poder da Coroa sobre o dos capitães-mór; simultaneamente, a língua portuguesa se impôs como elemento de coesão entre os núcleos esparsos do povoamento, coesão essa reforçada pela união espiritual desenvolvida pela extraordinária atividade dos jesuítas.

E é da maior importância que, durante esse excepcional período de expansão, os judeus tenham desempenhado um papel sobremodo honroso e atuante na vida econômica e social do país.



History of the Jews in Brazil - Chapter V
-------------------------------------------------- ------------------------------
 
SYSTEMATIC COLONIZATION (1530 - 1570)
Expedition Martim Afonso de Sousa
Noting that the sparse expeditions bodyguard and reduced colonization trials, undertaken in the period 1515 to 1530, were insufficient to ward off Brazil's foreign traffickers, as now plus Spaniards, who, besides trading, showed intentions here establishing themselves, the king of Portugal, Dom John III, became a decisive action, seeking a systematic large-scale colonization and therefore an effective occupation of Brazilian territory.
Thus, in 1530, he commanded a fleet getting ready with 400 men under the command of his friend Martin Afonso de Sousa, who named "Governor and Captain-mór of Land in Brazil", giving special permits much latitude, which covered "the right to take possession of the whole country, make the necessary divisions, occupy all positions, to exercise all judicial powers, civil and criminal."
The dispatch of Martim Afonso de Sousa, in keeping with its mission, covered in two years, the entire Brazilian coast, stretching from the Amazon to the River Plate.
Bahia and Sao Vicente
It deserves note, however, Martim Afonso de Sousa has focused his attention on two points along the coast, those points that would endure throughout the history of Brazil as the focus of progress: the Northeast (Bahia, Recife) and the Southeast (Rio-S . Paulo).
This bicentrismo economic and social, as unusual, rarely down so early in the formation of countries as in the case of Brazil, where in 1530 it has outlined the two outbreaks, which would exercise, with alternation of relief, a decisive influence on the economic history of the country, to this day: the Northeast predominating in the sixteenth and seventeenth centuries - cycles of Brazil wood and sugar; Southeast to excel in the eighteenth century, the era of gold mining, a short resurgence northern and, finally, a definitive southern dominance in the nineteenth century, the influx of big agriculture, especially coffee culture and all this without prejudice to the prospects of progressing to make the draw is to the northeast, though without affecting the center-south.
Being that bicentrismo a remarkable fact in itself should be added, as paradoxical aspect, the fact that both sources of progress of the country were located far away, and one on each side, the region where the discovery was made.Obviously can not satisfy the argument of proximity of the northeastern coast in relation to Europe, when compared with the region of Porto Seguro, because not even explain the preference given to the region of San Vicente. Rather, it must be admitted that there was on the southern coast of Bahia adverse natural conditions clearing and settlement, and it did not exclude the fact that the climate of that stretch of coast too rainy, barely showing a real dry season during the year.
Regarding the issue of Jews from Brazil, alluded to the existence of two major economic centers deserves two repairs: one of the essential character on the internal migration of Jews, which, when beset by persecution in the Northeast, chose largely as refuge to the province of San Vicente, the other for illustrative purposes, consists in the fact that, in each of the points alluded to - Bahia and Sao Vicente (Sao Paulo) - have Martim Afonso de Souza found an influential Jew - respectively, and Caramuru John Ramalho - to provide it with crucial assistance in its task colonizing.
Capitain Hereditary
Having established, successive expeditions of previous years, the great extent of coastal Brazil and judging means hitherto employed fail to secure Portuguese sovereignty in the colony as well as promote its settlement, decided to D. John III in 1532, creating captaincy along the coast, as implemented between the years 1534 and 1536, by dividing the coast between Santa Catarina and Maranhão in 14 lots, 10-100 miles from shore, donating these hereditary captaincy 14 to 12 "grantees," chosen from among the noblest and bravest vassals, which were to explore and colonize the hard regions that had been entrusted to them, all making for rapid and safe progress.

Presented here is a new cause for encouragement for the coming of Jews to Brazil. Grantees who wish to print prosperity to their provinces, rivalry to attract settlers and countrymen, even this time, the Portuguese Christians preferred to India, whose effects lingered attractive. Not only recourse left to grantees once again to the families of Israel, which granted rights and benefits equal to those of other settlers.
Moreover, the Jews proved excellent colonizers: skillful in dealing with the Indians, whose customs and languages soon adapted to count quickly with your friends.
Thus the possibilities of progress depended on the captaincy good degree of Jews, and thanks to this circumstance, they might enjoy complete freedom of manners.
Of the provinces, only two have developed appreciable results: Pernambuco and São Vicente, we have just alluded to two outbreaks of progress - Northeast and Southeast.
Exceptional prosperity met the captaincy of Pernambuco, masterly directed by Duarte Coelho Pereira. Having established, by the attempts undertaken in previous years, the region was favorable to agriculture - tobacco, cotton and sugarcane - especially for the latter, Duarte Coelho decided to deploy the intense and systematic cultivation of sugarcane and increase the sugar industry.
Accordingly, he ordered the establishment of large plantations of sugarcane and the construction of large number of mills, having brought, the islands of Madeira and Sao Tome, mechanics, foremen and skilled workers - who were mostly Jews - to lead machines and boosting the production of sugar.Deserves remember the name of the Jewish Diogo Fernandes, who was the greatest coach brought to Brazil by Duarte Coelho.
General Governments
For various reasons - excessive size of the territories, lack of resources to repel the attacks of wild (*) or foreign invasions, lack of unity among the grantees - the system totally failed colonization of the provinces, with the same exceptions that accounted for the St. Vincent and Pernambuco.
(*) Would not be old Brazilian, called by the author of "savages" who were trying to repel the foreign invasion of Portuguese?
Decided then to D. John III, in 1548, creating a general government, based in Bahia, capable of, around him gather the efforts of grantees, giving them "aid and assistance" and getting them aid, including "people and supplies."With the implementation of new system of government in 1549, did not change the situation of Jews in Brazil, while at the same time set themselves to the Jesuits in the country.
The conditions were such that they were forced to a policy of compromise and prudence, deserving highlight the activity of the priest José de Anchieta and the first bishop of Brazil - Pero Fernandes Sardinha - who strongly opposed the installation of inquisitorial tribunals in the country and any other forms of discrimination and persecution.In the contingency or lose the hopes of colonization of Brazil and successfully conclude the mission that were responsible, the authorities chose the latter option and, therefore, had to make a clean sweep of the requirements of the 5th Book of Ordinances of the Inquisition and neglecting the claims of inquisitors.In 1554, he wrote the priest José de Anchieta "is greatly necessary to loosen the law in these parts." Similarly, Bishop Pero Sardinha Lim opined that "the principles many more things if they will punish you hide in mostly large land as new as this."
This panorama of tolerance contrasted sharply with the wave of hatred and discrimination that swept Portugal, where the fires crackled continuously from the file of faith. It is thus understandable that the effect on the Jews of Portugal were to carry the news arrived there about Jewish life in Brazil. Touched by overwhelming fury of religious persecution, felt compelled Jews to Portugal to try new life in Brazil, which seemed to them as a safe haven where they could materialize their aspirations for freedom, their hopes of peace and tranquility .Under such conditions, all favored the establishment of an intense and uninterrupted flow of immigrants of Portuguese Jews from Brazil, where thriving quickly started to form numerous nuclei, giving even started a collective life which in time would assume distinctly Jewish characteristics as evidenced by the sparse references found on a synagogue that functioned in a house owned by the New Christian Heitor Antunes in the city of Salvador - the headquarters of General Government - and another that was part of a center in Marrano Camaragibe captaincy of Pernambuco, Captaincy is that even came to rely on a "rabbi" - Jorge Dias of Fall, New Christian, paver.
The historical and legendary figures of Caramuru and John Ramalho
Martim Afonso de Souza, to stop, as already demonstrated, with particular interest in the regions of Bahia and Sao Vicente, was fortunate to find two points in these two extraordinary figures, respectively Caramuru and John Ramalho, which provided decisive help in their function blossoming of colonization of Brazil.
These two figures, the semi-legendary life, just as the first actual settlers in the country, live show similarity with the course of their long lifetimes. Both arrived to the Brazilian coast as castaways, and at the same time, around 1510, both had to settle with the Indians, which eventually imposing his authority: both were interwoven with the lives of Indians, including marrying Indian women; a and another held a prodigious work of peace and rapprochement between the Indians and representatives of the Government of Portugal and, finally, both are ascribed Jewish descent.
CARAMURU
About the emergence of Caramuru - whose real name was Diogo Álvares Correia - there is the following legend: In 1509 or 1510, a Portuguese ship was wrecked near the present Bay of All Saints. Almost all the men drowned or were eaten following twenty years. Among the few left to be sacrificed later in festive spectacle was Diogo Álvares Correia. When the time approached for him to be sacrificed, an idea lightning speed saved her life: the musket shot Diogo who had held the wreck and killed a bird in flight. The savages who witnessed the scene were overcome with terror, putting themselves shouting: "Caramuru! Caramuru!", Which in their language, meant "man of fire" or "son of thunder." (Some consider, perhaps more correctly, that the Caramuru nickname derives from the fact that this is the name that the Indians designated it a common fish in the Reconcavo Bahia, moray eel, who frequents the shallow waters of the grottoes, one of which would Alvares was found after the wreck). He afterward Diogo Alvares Correia to be highly regarded by the Indians who, thereafter, respected him as a boss.
Later, married with Caramuru Paraguassu, daughter of the chief Taparica, what became more intimate and solid relations with the natives.When the arrival of Martim Afonso de Souza, Caramuru served as interpreter and liaison between the first Governor of Brazil and the Indian chiefs, hitting measures for the introduction of agricultural work in the region with the use of seeds brought by Martim Afonso.Even more prominent role played Caramuru from 1538, during the first Captain Mor, D. Francisco Pereira Coutinho, whose government took tumultuous because of repeated misunderstandings between the Portuguese and the Indians.
So great became the fame and Caramuru so high its reputation with the Government of Portugal, who, upon being appointed, in 1548, the first Governor General of Brazil - Tomé de Souza - the king addressed in a letter to Caramuru asking for their indispensable cooperation in these terms:"Alvares. I, King, send you greeting. I now send Tomé de Souza, a gentleman of my house, this Bahia de Todos os Santos ... And because I am informed by a lot of practice that you have these lands and people and customs shall know them well and help to reconcile, I say that both the said Thomas de Souza get there, you should go to him and help him as you ought to meet and instruct you, because you do about this much needed service ... Being your company and help, I commend you to assist her in fulfilling what you see, as I believe that ye do. Bartolomeu Fernandes made in Lisbon on November 19, 1548. King. "
Caramuru attended the king's request and so useful was the assistance given to Thomas de Souza, in the midst of a full cooperation of the Indians, could soon be founded in 1549, the city of Salvador, capital of the country, the place where previously Caramuru established the village "Old Town".
Regarding the origin of Jewish Caramuru, in the absence of any evidence, many historians to admit driven by simple assumptions, including the fact that, according to many indications, Israel was traditionally the family name Álvares Correia.
JOHN RAMALHO
Though the historian John Rocha Pombo concedes that Ramalho has come before the discovery of Brazil, possibly in 1497, then the expulsion of Jews from Portugal, the most accepted assumption is to have it contributed in 1512, saved from a shipwreck off the coast of San Paul.
As Caramuru in the North, John Ramalho could quickly capture the friendship of the natives, especially deserving of sympathy Tibiriçá, the all-powerful chief of the Indians Guaianases, who later gave his daughter in marriage Bartira.
When, in 1532, Martim Afonso de Souza reached St. Vincent, there was John Ramalho, who had been twenty years, lived with the natives. Induced by Ramalho information about the characteristics of climate and soil of the region and encouraged by the strategic situation of the bay, Martim Afonso, with substantial help from John Ramalho, then founded the first agricultural colony, formed of two towns: San Vicente - on the plain of the island of that name, and Piratininga - in the mountain region of the continent, next to the village of Santo André da Borda do Campo, where he lived with his family Ramalho and its allies.
In consideration of relevant services provided by John Ramalho to the captaincy of São Vicente, Martim Afonso gave him the title of "guard-mor," gave him power over all the land from Sao Paulo and finally, before his return to Lisbon elevated him to the position of "Captain Mor.
Regarding the Jewish origin of John Ramalho, conjectures abound.
There is on one hand, joining the inference made from the fact that John Ramalho had never participated in religious exercises of the Jesuits and that, after falling seriously ill, rejected the religious consolation, that these facts are interpreted as indicating Jewish relevance.
However, most supporters of the Israeli strain of Ramalho binds its argument to the sign in the shape of a horseshoe, John Ramalho included in your subscription, including the first name and family name. On the subject, there is a real literature, and the most contradictory interpretations given with respect to said symbol. While some consider him a mere ornament or simple talisman, and others think a glyph that would witness the rise of Egyptian Ramalho, most qualify as a Hebrew letter, even if the latter, however, differ, a finding that the letter is a "caf," representing the first letter of the word "kohen (priest) or the word" Cabir "(strong) or even the word" hut "(New Christian), while others consider the letter as a" bes "which would be the abbreviation of the word" ben "(son), meaning the signature -" John, son of Ramalho - and, finally, some accept that it is a "reich", the first letter of the name Ramalho.
As seen, the issue was on the subject of extensive discussions and analysis of exegetical character whose development course presents no special interest other than the incentive or the satisfaction of curiosity about the ethnic origin or religious Joao Ramalho, this distinctive character that both contributed to the colonization of San Vicente.
The role of Jews in the period 1530 to 1570
The period from 1530 to 1570 is perhaps unique in the history of the first four centuries of Brazil, which can be said that in its course, the evolution of Jewish life is fully mingled with the country's active cooperation in a peaceful coexistence and harmonious integration.
For the formation of Brazil, this period was decisive. In his passing, he felt the power of the metropolis through the first hereditary captaincy and then through the General Government, which unified the country politically, exercising the power of the Crown on the mor-captains, both the Portuguese language imposed as an element of cohesion between the nuclei of sparse settlement, cohesion that is reinforced by the extraordinary spiritual union activity developed by the Jesuits.
And it is very important that during this exceptional period of expansion, the Jews have played an exceedingly honorable and active in social and economic life of the country.

A Influência dos Judeus "Cristãos-Novos" na Cultura Mineira

Por Rita Miranda Soares
O povo brasileiro é fruto e fonte criadora de pluralidade cultural. A presença de outros povos em território nacional ajudou a moldar algumas de nossas principais características culturais, desde o desembarque de Cabral na terra que viria a ser o Brasil.
Essa diversidade deve ser reconhecida, respeitada e valorizada. Pois um povo que não conhece suas raízes, é um povo sem identidade.
Pensando nisso, procuramos resgatar nesse estudo a influência da cultura judaica sefaradim na civilização brasileira, especialmente em Minas Gerais, que é o tema central da nossa pesquisa. Consideramos importantíssimo marcarmos essa influência e nos lembrarmos da vertente judaica junto com o índio, junto com o negro, junto com o português, e com vários outros povos – italianos, sírios e libaneses, poloneses, japoneses, etc. – que aqui vieram compartilhar conosco da sua cultura.
 
Resgatar esses valores é resgatar a própria cultura mineira, a qual está intrinsecamente ligada à tradição milenar desse povo. Tradição que se viu camuflada, esquecida em muitas casas, simplesmente para que as famílias pudessem fugir às mãos de ferro da Inquisição. Quantos jovens e crianças não tiveram de renegar seu sangue, sua crença, sua família? Quantos homens e mulheres não se viram obrigados a deixar seus lares, suas terras e seus parentes, jogados numa aventura de futuro incerto, em frágeis naus, a fim de virem para uma terra estranha, sem saber o que os aguardava?!

A Península Ibérica (Portugal e Espanha) contribuiu, de maneira avassaladora, durante a Inquisição que durou cerca de três séculos, se não para o genocídio, pelo menos para o abafamento de boa parte da cultura, religião e arte de um povo de tão rica formação  humanística.

A assimilação deles em nossa cultura foi imposta pela Inquisição, sob pena de expatriação ou morte, deixando muitas  características judaicas no substrato dos brasileiros.

O estudo não pretende ser histórico nem profundo, apenas aborda e defende que muitos costumes, hábitos ou tradições do interior mineiro sofreram influência marcante dos judeus sefaraditas portugueses que vieram para Minas fugindo da Inquisição no nordeste brasileiro.

Após o batismo forçado pela Inquisição de Portugal, esses judeus ficaram conhecidos como “cristãos-novos”, para diferenciá-los dos “cristãos-velhos”. Muitos continuaram a praticar a sua religião secretamente e, por isso, eram constantemente vigiados e denunciados ao “Santo Ofício” como judaizantes; estes tinham todos os seus bens confiscados, além de viverem humilhados e confinados naquele país, isso quando não eram torturados e queimados vivos nas fogueiras.

O descobrimento do Brasil em 1500 foi uma porta que se abriu para esse povo perseguido. Milhares de “cristãos-novos” vieram para o Brasil na época da colonização já em 1503 (GUIMARÃES, 1999).

Mais tarde, com a atuação do Tribunal do Santo Ofício na Bahia em 1591/93, e em Pernambuco em 1593/95 e novamente na Bahia em 1618, os judeus que, a princípio, se encontravam nessas duas capitanias, dispersaram-se por todo o Brasil, principalmente para o Sul e Sudeste (LOURENÇO, 1995).

Com a descoberta do ouro nas capitanias de Minas em fins do século XVII, ocorre um movimento em direção ao território mineiro. Segundo a historiadora FERNANDES (2000), a maioria era formada por cristãos-novos que se estabeleceram na região, em atividades econômicas e no comércio.

Mas que marcas eles deixaram na formação do povo mineiro? Que costumes, hábitos ou tradições podemos identificar em Minas como sofrendo influência daqueles judeus cristãos-novos? Que influência exerceram na formação da nossa identidade?

A este grupo étnico que ajudou a povoar o Brasil nos três primeiros séculos do descobrimento e a seus descendentes que ora representa o grosso da população brasileira, devemos esta grande similitude com os sefaradins ibéricos. A alma profundamente quebrantada pela fé em D’us, o espírito pacífico e de bom humor, um povo amante da paz com uma grande capacidade para viver e sair de situações difíceis e adversidades seculares – o famoso “jeitinho” brasileiro - , uma tendência universalista  para as coisas filosóficas, as habilidades com o comércio, etc. Em suma, um povo apaixonado e obstinado, uma raça bonita e sábia, apesar de seus defeitos e mazelas.

Analisando estas e outras características, percebe-se claramente que o povo do interior do estado de Minas Gerais parece ser o retrato mais fiel dos judeus portugueses do século dezesseis a dezoito que vieram povoar este país.

O temperamento do homem dessas regiões, seu aspecto físico, os costumes em vigor até bem pouco tempo, herdados dos antepassados povoadores, indicam influência preponderante desses judeus ibéricos. Também os registros de nomes demonstram uma concentração de judeus cristãos-novos nessa região do interior mineiro, proporcionalmente entre as mais densas do mundo.

O cancioneiro popular de Minas exprime bem o espírito mineiro. Aqui as coisas são feitas sem pressa, para durar – o tempo pouco importa.

Diz-se que o mineiro é “fechado” como sua terra. Esse fechamento traduz-se numa sobriedade evidenciada no seu modo de ser – no comer, no vestir, no falar.

O mineiro escuta muito mais do que fala e não demonstra facilmente seus sentimentos. “Não desperdiça gestos, como não desperdiça nada” (Alceu Amoroso Lima).

Certamente aprendemos com nossos antepassados a não desperdiçar, pois seus bens tinham sido espoliados pela Inquisição e vieram para o Brasil sem nada para aqui construírem suas vidas. Daí o conceito de que o mineiro é “pão-duro”, em outras palavras, “econômico”.
 
O mineiro “calado” aprendeu com seus ancestrais a esconder seus sentimentos e crenças para não ser vítima dos “deduradores” ou “espiões” da Inquisição. Tanto é assim, que quando alguém está fazendo perguntas demais, diz-se que ele está inquirindo muito (inquisição = ato ou efeito de inquirir).
 
E o tradicionalismo mineiro? Quando se fala na “tradicional família mineira” associa-se logo a idéia a uma atitude ultraconservadora. O sistema patriarcal mineiro tem suas raízes nos colonizadores cristãos-novos vindos na época da mineração – aqui chegaram com seus valores tradicionais intactos, plantando-os em Minas.

O mineiro é triste, repete-se constantemente. De uma tristeza guardada, que transparece em sua arte e só se denuncia sutilmente, em gestos discretos. De onde viria essa tristeza?

Talvez da saudade que se perdeu no tempo. Saudade que os judeus sentiram quando deixaram a terra onde viveram por tantos séculos – a península ibérica – e emigraram para o Brasil. Também da tristeza de se saber perseguido e vigiado por onde quer que vá.

É em Minas também que se encontram as primeiras expressões de nacionalidade e de justiça. E de reivindicações pelos direitos adquiridos, presentes nos motins e revoltas do século XVIII. A circulação do ouro e de diamantes levava, em seu bojo, a circulação das idéias, suscitando rebeliões que, hoje, são reconhecidas como sementes de nossa independência nacional e de nosso acesso à modernidade.

A sucessão de rebeliões impressionou o governador, conde de Assumar, que, queixando-se ao rei pela sublevação de Felipe dos Santos, Vila Rica (1720), afirma: “O espírito de rebelião é quase uma segunda natureza das gentes de Minas” (FERNANDES, 2000).

O que era rebelião para o reino português, significava justiça para o povo mineiro.

Foi a dominação e a insubmissão, a coragem e o medo, a desconfiança e a luta, a saudade e a esperança, a discrição e o apego à liberdade, que fizeram um povo mineiro profundamente ligado ao seu berço, à sua gente e à sua terra.

A descoberta do ouro em Minas que, segundo alguns autores se deveu ao cristão-novo Antônio Rodrigues Arzão, em 1693, acarretou forte movimento migratório, vindo da própria Colônia ou da Metrópole para o interior.

Na primeira metade do século XVIII, segundo Neusa FERNANDES (2000), estima-se que a corrida do ouro levava para as Minas, oito a dez mil pessoas por ano.

Em pouco tempo, a capitania de Minas Gerais tornou-se a mais populosa da Colônia, suplantando a da Bahia e a do Rio de Janeiro.

Vila Rica, uma das primeiras vilas surgidas, foi o centro comercial da capitania, onde atuaram a maioria dos cristãos-novos processados pela Inquisição em Minas. No meado do século, uma grande comunidade judaica tentou fundar uma irmandade clandestina na cidade.

O historiador Elias José LOURENÇO (1995, p. 73-77) nos conta com  maior clareza este fato e narra os costumes que ele encontrou ali e em outras regiões próximas:
 
 
“Em Vila Rica, meados do século dezoito, havia uma comunidade judaica muito bem disfarçada, que tentou organizar-se numa falsa irmandade, com o título de “fiéis de Deus”. Como se sabe, assim se intitulavam os seguidores do profeta Eliseu, que em meio da idolatria de Israel, proclamava sua fidelidade a Yaveh. Chegaram a ocupar uma casa junto da atual capela do Bom Jesus dos Perdões, então em construção, e enganaram o bispo de Mariana, que somente depois de muito tempo desconfiou dessa confraria e resolveu dissolvê-la. Esse e outros fatos, que seria longo enumerar, explicam os costumes que ainda encontrei em minha infância e mocidade e que perduram no interior de Minas.[...] Os filhos e netos de judeus, perdida a lembrança religiosa, adotaram a prevenção contra os do seu sangue e acometiam contra eles com frases que os depreciavam. [...] O  sujeito econômico, “unha de fome”, como se dizia, era apelidado de somítico, isto é, semítico. Fazer sofrer alguém, prejudicar, ofender, etc., era “judiar”... Afirma-se que quando um judeu disfarçado, ou seja, marrano, estava para morrer, a fim de evitar que novamente ele se revelasse adepto da lei de Moisés, comprometendo os demais, era logo chamado o “abafador”, isto é, um sujeito que tinha por missão estrangular habilmente o doente. Isso permaneceu em nossos costumes com os conhecidos personagens que “ajudavam a morrer”. Quando alguém definhava em moléstia longa, diziam que “estava tão fraco que nem tinha força para morrer”. Chamando o abafador, ele afastava do quarto do doente as pessoas da família, encostava a porta e começava a operação. Punha um crucifixo nas mãos do doente, passava os braços pelas costas e aplicava o joelho contra o tórax... À medida que ia aumentando a compressão contra o peito do moribundo, asfixiando-o, em voz alta, para ser ouvido de fora, ia dizendo: - Vamos, meu filho! Nosso senhor está esperando! Quando o paciente exalava o último suspiro, o abafador compunha o corpo, chamava as pessoas da família e lhes comunicava que o fulano havia morrido “como um passarinho”, isto é, suavemente [...] Esses homens que “ajudavam a morrer” ainda existem em distantes povoados de nosso interior. “Lamparina” é um ritual judaico e persiste no interior do estado. Ainda de uso doméstico, acendia-se a lamparina de azeite no quarto da parturiente porque a criança, antes de ser batizada ou passar pela circuncisão, não pode ficar no escuro. [...]. Aos sábados, acendia-se diante do oratório uma vela, que deveria arder até o fim do dia, costume judaico que se cristianizou [...]; os sábados eram ainda os dias de vestir “roupa lavada”. O sinal de hospitalidade mais sensível, revelador de especial atenção para com um viajante, e a primeira coisa a fazer antes de qualquer alimento, era mandar-lhe ao aposento uma bacia de água morna para lavar os pés. Recordação milenar dos desertos da Ásia, transformada em cortesia. Em Minas, em São Paulo e creio que em quase todo o Brasil de povoamento antigo, ninguém comia carne de animal de sangue quente que não tivesse sido “sangrado”(ex.: a galinha). Este uso é de uma importância transcendente para o judeu, e como tal ficou arraigado em seus descendentes como costume irrevogável.[...]. Do mesmo modo, apesar da riqueza piscosa de nossos rios, ela nunca constituiu base de alimento para nossas populações, salvo as forçadamente ribeirinhas. Era colossal o consumo de peixe salgado que vinha para Minas, em lombo de burro, no período colonial, substituído depois pelo bacalhau. É que os peixes mais abundantes em nossos rios são “peixes de couro”, expressamente proibidos pelo livro de Levítico”.
 
Com o passar do tempo, passando a febre do Eldorado, os cristãos-novos se segregaram, por assim dizer, entre as montanhas de Minas, longe dos litorais e portos marítimos, distantes de outras correntes migratórias, dando ao povo mineiro peculiaridade étnica e cultural com características bastante definidas.

No começo, famílias como os Leões, os Fortes, os Henriques, os Carneiros, os Campos, etc., chegaram a constituir povoados, verdadeiros “guetos”, que ainda hoje se reconhecem por não terem capelas em suas ruínas, em constraste com os fundados por cristãos-velhos, onde a igreja era uma das primeiras edificações (LEAL, 2000).

Em Paracatú, Serro Frio, Sabará e imediações e em Pitanguí tinham suas maiores aglomerações. Eram numerosos também nos arraiais que cercam Ouro Preto e Mariana e ao longo do caminho do Rio Grande e da Bahia. Havia, porém, cristãos-novos espalhados por todo o território mineiro: nas estradas, nas entradas das vilas e nos caminhos de “ir-e-vir”.

Considerando-se o trabalho desbravador  que esses cristãos-novos realizaram e os movimentos comerciais que inovaram, pode-se dizer que a eles se deve a realização dos primeiros contratos, a criação dos primeiros empregos, promovendo negócios e instrumentos que revertiam para a Coroa portuguesa, ficando, porém os lucros e parte da riqueza em mãos dos moradores.

A historiadora Neusa FERNANDES (2000) nos relata que a terceira década do século XVIII foi o período em que a ação inquisitorial tomou maior impulso em Minas. Num espaço de dez anos, foram presos em Minas cerca de 30 cristãos-novos, todos acusados de judaísmo.

Ao ler os processos analisados pela historiadora em seu livro, percebemos que muitos deles foram criados na religião católica, até a idade de 11, 12, 13, 19 ou mesmo 20 anos, quando então abraçavam o judaísmo, persuadidos ou influenciados pela avó, ou pela mãe.  Sabemos que no judaísmo é a mulher quem educa as crianças, cabendo-lhe a tarefa de ensinar-lhes todas as tradições e costumes. Esse hábito está ainda presente nas famílias mineiras, onde à mulher cabe a tarefa de educar os filhos, discipliná-los e iniciá-los na religião, ficando o marido apenas com a incumbência de trabalhar e suprir a casa.

Além disso, a “religião de verniz” ou o “ir para a igreja sem convicção interior”, atribuída pelo clero católico aos brasileiros em geral, é originária, talvez, do comportamento dos cristãos-novos que, por circunstâncias ou displicência, ficavam anos embrenhados nas matas, sem comungar e confessar. A posição espiritual do brasileiro, que se mantém relativamente indiferente nas discussões religiosas, pode ser fruto do conturbado ambiente sócio-religioso-colonial (MIZRAHI, 1999) da época.

Os três séculos de perseguição, movidos pela Inquisição aos cristãos-novos luso-brasileiros levaram o grupo ao inconformismo. Vivendo numa “marginalidade interior”, “homem dividido” segundo a historiadora Anita Novinsky, temendo sempre possíveis denúncias, o cristão-novo tornou-se permeável e atraído para idéias e movimentos de oposição ( Como prova a Inconfidência Mineira).

O cristão-novo se sentia em permanente transgressão. Não era católico nem judeu. Praticava um dualismo religioso, apresentando-se exteriormente como cristão-novo e praticando os ritos judaicos dentro de casa ou da prisão, sempre com a preocupação de se ocultar para não despertar suspeitas nos vizinhos.

Essa situação é bem expressa no romance “A saga do marrano” (AGUINIS, 1996):

“A nós foi aplicada e continuam a aplicar a violência. O efeito é trágico: somos católicos na aparência para sobreviver na carne, e somos judeus por dentro, para sobreviver no espírito” . 
A influência mais forte dessa ambigüidade, desse dualismo, talvez esteja no “fechamento dos mineiros”, no seu jeito calado, na sua resistência em falar das suas crenças mais íntimas.

Guardados nas montanhas de Minas, estão até hoje muitos traços dos cristãos-novos e seus descendentes, expressos no que se chama hoje de: conservadorismo mineiro, política mineira ao pé do ouvido, pão-durismo mineiro, humor mineiro, desconfiança mineira, o jeito amaneirador do povo mineiro, a superação de obstáculos, o apego à justiça, enfim, toda “mineirice” se identifica muito com os judeus portugueses dos séculos XVI, XVII e XVIII.

A seguir, procuramos listar alguns costumes judaicos incorporados à tradição mineira, a maioria do livro do LEAL (2000) , outros tirados da informação verbal e da tradição oral: 

Passar a mão na cabeça: isto é, relevar, perdoar, acarinhar, ignorar uma falta de alguém. É a bênção judaica.

Sefardana: Para o historiador Augusto de Lima, a expressão insultuosa de Sefardana é deturpação intencional dos nomes “Sefarad" [1] e “Sefaradins”.
 
Jurar pelo eterno descanso de um morto querido: juro pela alma do meu pai, ou da minha mãe, e assim por diante. É resíduo de um rito judaico.

Deus te crie: ante o espirro de uma criança. Herança da frase hebraica – Hayim Tovim. 

Amuletos: usado muito no interior, os signos de Salomão ou de David (a estrela de seis pontas) e até mesmo nas porteiras e muros das casas, embora para o judeu não seja amuleto, mas seu significado foi deturpado entre os descendentes assimilados. 

Varrer a casa: da porta para dentro das casas, costume arraigado até os dias de hoje. 

Passar mel na boca: quando da circuncisão, o Rabino passa o mel na boca da criança para evitar o choro. Daí a origem da expressão: “Passar mel na boca de fulano”. 

Siza: vem do hebraico “Sizah”, quando vai pagar o imposto. Pagar a siza. 

Massada: palavra muito usada pelos mineiros para explicar uma tragédia: “foi uma massada”. A fortaleza de Massada, perto do Mar Morto, foi destruída pelos romanos nos anos 70 d.C., quando pereceram mais de 800 judeus, segundo afirma Flávio Josefo.

Lavar os mortos: largamente usado no interior das Minas Gerais. Usado ainda, em algumas regiões. Está bem desaparecido.

Para o santo: o hábito sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito hebraico milenar de reservar, na festa do pessach (páscoa), copo de vinho para o profeta Elias (representando o Messias que ainda virá).

Punhado de terra: costume de jogar terra no caixão quando ele é descido na sepultura. 
 
Mezuras: fazer mezuras, reverências. Talvez venha do Mezuzah [2] hebraico colocado nas portas, ao qual os judeus antes de entrar fazem uma reverência. 

Carapuça: a expressão “fulano de tal pôs a carapuça”, ou “esta carapuça não serve para mim”, vem dos tempos da Inquisição, quando o réu era obrigado a colocar uma carapuça sobre a cabeça, assumindo a culpa.. 

Judiar: vem dos tempos da Inquisição, em que se maltratavam e perseguiam os judeus – significa atormentar e torturar os judeus.

Mesa de mineiro tem gaveta para esconder a comida quando chega visita: esse costume, conhecido dos mineiros e relacionado à sovinice, tem outra raiz. É o costume que tinham os cristãos-novos e que passou aos seus descendentes, de guardar a comida que estavam comendo quando chegava um visitante – normalmente um cristão-velho. Para isso, as mesas da copa tinham gavetas. A raiz desse costume é que muitos cristãos-novos, apesar do batismo forçado, continuavam praticando secretamente a sua religião. E no judaísmo, a comida deve ser kasher, ou seja, a comida recomendada pela Torah,  na qual existem alimentos proibidos aos judeus – Levíticos 11 – como, por exemplo, a carne de porco, peixe sem escama, etc. Dentro desse preceito, há receitas tipicamente judaicas. E se um cristão-velho chegasse de repente à casa e visse essa comida típica, fatalmente o cristão-novo seria reconhecido e denunciado. Por isso, eles guardavam o que estavam comendo nas gavetas, e ofereciam outra coisa ao visitante, como o queijo minas, por exemplo. Esta é a raiz desse costume, que muitos mineiros até brincam a respeito, mas que não está relacionado à sovinice e sim ao medo da delação (MENDA, 2000) [3].

Lenda da Verruga: como se sabe, o dia no judaísmo começa na véspera. Então, o “shabat” – descanso judaico no Sábado, começa na véspera com o nascimento da primeira estrela. Se um judeu apontasse para o céu quando visse a primeira estrela para anunciar o início da festa do Shabat, como cristão-novo ele estaria se denunciando. O adulto poderia se controlar, mas o que se diria para as crianças? “- Não aponta que se nasce verruga”. Era a única maneira de poder controlá-las, para que a família não fosse descoberta e perseguida pela Inquisição (MENDA, 2000).

Ficaram a ver navios: era a época de ouro da Península Ibérica. O rei Dom Manuel precisava dos judeus portugueses, pois eram toda a classe média e toda a mão-de-obra, além da influência intelectual. Se Portugal os expulsasse logo como fez a Espanha, o país passaria por uma crise terrível. Então o rei fingiu marcar uma data de expulsão, que era a Páscoa. No dia marcado, estavam todos os judeus no porto esperando os navios que não vieram. Todos foram convertidos e batizados à força, em pé. Daí a expressão: “ficaram a ver navios”. O rei então declarou: não há mais judeus em Portugal, são todos cristãos (cristãos-novos). Era 1492. Durante mais ou menos 30 anos eles continuaram praticando o judaísmo por debaixo do pano, às escondidas, mas com tolerância portuguesa, até a chegada da Inquisição. Com a Inquisição, veio a vigilância, a perseguição, a intolerância, e foi aí que muitos vieram para o Brasil fugindo dela(MENDA, 2000).

Além dos costumes e expressões mencionadas acima, há um outro aspecto que gostaríamos de mencionar, embora seja tema para outro estudo mais amplo. É a questão dos sobrenomes.

Até a época de Napoleão, o judeu não tinha sobrenome: era “fulano filho de fulano” -  não tinha identidade civil. Com a conversão forçada, eles têm de assumir um sobrenome e adotam nomes de famílias tradicionais cristãs, ou nome de um local, ou de uma árvore, ou da sua profissão, ou de um animal, ou de um português ilustre.

Os arquivos da Inquisição da Torre do Tombo, em Lisboa, pesquisados por WIZNITZER (1996, p.35), traz os nomes de 25 judaizantes brasileiros processados na Bahia, dos quais citaremos apenas alguns sobrenomes: Antunes, Costa, Duarte, Gonçalves, Fernandes, Lopes, Mendes, Miranda, Nunes, Rois, Souza, Teixeira, Ulhoa e outros.

Outros sobrenomes de pessoas processadas no Brasil pela Inquisição, devidamente documentados, são (GUIMARÃES, 1999): Abreu, Andrade, Barros, Borges, Cardozo, Carvalho, Coelho, Carneiro, Cunha, Ferreira, Figueira, Gomes, Henriques, Leão, Lemos, Machado, Miranda, Moura, Nogueira, Oliva, Oliveira, Paes, Pinheiro, Pires, Ramos, Rios, Reis, Serra, Sylva, Simões, Soares, Tavares, Telles, Valle, Vaz, etc.

Acompanhando a história dessas famílias, nota-se que grande parte delas se dirigia em direção ao Sul, fixando residência nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Outros subiam em direção ao norte do país, especialmente Pernambuco e Pará (GUIMARÃES,1999). Esses estados também foram muito influenciados por uma série de costumes judaicos, que não abordaremos nesse estudo. Ressaltamos que não podemos afirmar que todo brasileiro, cujo sobrenome conste desta lista seja necessariamente descendente de judeus portugueses. Para saber-se ao certo precisaria de uma pesquisa mais ampla, estudando a árvore genealógica das famílias, o que pode ser feito com base nos registros disponíveis nos cartórios.

Apesar disso, o que queremos frisar é que há uma grande concentração desses sobrenomes em Minas (e outros que não citamos por questão de espaço), mostrando a descendência dos cristãos-novos. A influência histórica judaica-sefardita é inegável.

A história da formação do povo mineiro e do povo brasileiro em geral, estará mutilada até que se faça um profundo estudo sobre os cristãos-novos e seus descendentes da Península Ibérica, e da grande influência que exerceram na vida do povo mineiro e brasileiro espalhado por esse imenso país.

Essa história está muito próxima de nossos olhos, de nosso tato, de nossos costumes, portanto é muito reveladora e com fatos muito evidentes. Basta escrevê-la sem tendências  e nem preconceitos.

Orgulhemo-nos, como mineiros, da nossa herança cultural. Afinal, um povo para crescer, precisa da sua identidade, e para um povo conhecer sua identidade, precisa conhecer e resgatar suas raízes o mais profundo que puder.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

1. AGUINIS, Marcos. A saga do marrano. São Paulo: Scritta, 1996. 486 p.
2. FERNANDES, Neusa. A Inquisição em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro:            EdUERJ, 2000. 204 p.
3. GUIMARÃES, Marcelo Miranda. Você sabia que muitos brasileiros são descendentes de judeus? Revista de estudos judaicos. Belo Horizonte: v.2, n.2, p.42-47, dez.1999.
4.  LEAL, Waldemar Rodrigues de Oliveira. Os judeus em Minas Gerais: “cristãos-novos”.            Belo Horizonte: Luciana Leal Ambrosio, 2000. 36 p. 
5. LOURENÇO, Elias José. Judeus: os povoadores do Brasil colonia. Brasília: ASEFE,   1995. 88 p. 
6. MEGRICH, José. Quinto centenário do descobrimento do Brasil e dos primeiros judeus   refugiados. Menorah. Rio de Janeiro, v.38, n.480, p.21, maio/junho 1999.
7. MENDA, Nelson, KUPERMAN, Jane. Programa Jô Soares: entrevistas. Direção Globo.            Filme VHS, 2000, 22min., color. (Fita de vídeo, gravação particular da TV).
8. MINAS Gerais: berço da riqueza do Brasil. São Paulo: Três, 1994. 99p. 
9. MINAS Gerais: mapa econômico. In: A Inquisição em Minas Gerais no século XVIII .            Neusa Fernandes. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2000, p. 91. 
10. MIZRAHI, Rachel. Os 500 anos da presença judaica no Brasil. Revista de estudos            judaicos. Belo Horizonte, v.2, n.2, p. 59-65, dez. 1999. 
11. SALVADOR, José Gonçalves. Cristãos-novos, jesuítas e Inquisição. São Paulo: Pioneira, 1969. 222 p.
12 .________. Os cristãos-novos em Minas Gerais durante o ciclo do ouro(1695-1755): relações com a Inglaterra. São Paulo: Pioneira de Estudos Brasileiros, 1992. 197 p.
13. ________. Os cristãos-novos: povoamento e conquista do solo brasileiro, 1530-1680.   São Paulo: Pioneira, 1976. 406 p.

BIBLIOGRAFIA 

1. FALBEL, Nachman. Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil. São Paulo:            Federação Israelita do Estado de São Paulo, 1984. 197 p. 
2. SARAIVA, Antonio José. Inquisição e cristãos-novos. 4 ed. Porto: Nova Limitada, 1969.  (Coleção Civilização Portuguesa – v. 2) 317 p.
3.  WIZNITZER, Arnold. Os judeus no Brasil colonial. São Paulo: Pioneira, 1966. 217 p.
4.  WOLFF, Egon e Frida. Judeus nos primórdios do Brasil-república. Rio de Janeiro:             Biblioteca Israelita H.N. Bialik / Bloch, 1982. 384 p.

________________________________
[1] Sefarad – quer dizer “Península Ibérica” em hebraico.

[2] Mezuzah – pedaço de madeira ou metal ôco por dentro que contém dentro dela um pequeno rolo escrito em hebraico o texto de Deuteronômio 6:4-9. A mezuzáh é pregada em cada porta da casa de um judeu para lembrá-lo de que D’us é único e de que ele deve cumprir e obedecer seus  mandamentos.

[3] MENDA, Nelson, KUPERMAN, Jane. Casal de origem sefaradita que pesquisa a influência da cultura judaica sefaradita na vida dos brasileiros, entrevistado pelo Programa Jô Soares, nov.2000.

___Fonte: __________
©Copyright - Todos os direitos reservados a AMES/ABRADJIN.